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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A cura para a modernidade

Na semana passada o Instituto Nacional do câncer revelou que cerca de 520 mil casos novos da doença podem surgir para o ano de 2012. O câncer é a doença do século e infelizmente ainda não encontraram a cura. Contudo, temos um outro mal que também assombra esses novos tempos modernos: a tecnologia.

Não tenho a menor dúvida de que a tecnologia auxiliou e ainda auxilia a sociedade em diversos aspectos, tantos esses que seria incapaz de enumerá-los. Não saio de casa sem o meu celular, tenho internet wi-fi, blog, twitter, facebook, msn, linkedin, enfim estou bem inserida nesse meio virtual.

De acordo com minha pequisa na internet a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado, por sua vez, de virtus, força, potência. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à concretização efetiva ou formal, ou seja, é algo que não existe na forma física.

Se é algo que não existe na forma física, porque insistimos tanto em manter relações virtuais?

Sinto falta de receber cartas, telefonemas, abraços, de conversar no portão até tarde da noite. Se a internet tem a função de aproximar as pessoas e encurtar a distância, porque será que ela faz exatamente ao contrário?

A internet deve ser aquele filho teimoso que faz exatamente o contrário daquilo que deveria fazer, só de birra. O mundo virtual se propõe a otimizar o tempo e a economizar o dinheiro que gastaríamos com telefonemas interurbanos, mas inversamente proporcional ela afeta diretamente a relação entre as pessoas.

Antigamente, no dia do meu aniversário eu recebia várias ligações e as pessoas iam até a minha casa pra dar parabéns, e agora?
Atualmente recebo um monte de posts no meu facebook. Não quero desmerecer nenhuma das mensagens, muito pelo contrário eu gosto delas, mas porque as coisas tinham que ser tão modernas?

Toda essa rapidez tecnológica fragmenta os relacionamentos. As coisas ficaram mais rápidas, mais instantâneas e menos consistentes. Relacionamento não é apenas compartilhar fotos, não é curtir a foto de pessoas que não vemos há anos e nem sequer ligar pra saber como está, não é “estar” com o outro em momentos difíceis dando conselhos via msn.

A relação entre as pessoas passarou a ser através de suas máquinas, sempre escondidas atrás de monitores, teclas e a um clique de tudo. Não condeno a tecnologia, muito pelo contrário, através dela descobrimos a cura de doenças e ganhamos conforto. Sou adepta a ela, mas acho que fazemos mau uso.

Os sites de relacionamentos amorosos estão lotados de perfis que querem encontrar a outra metade da laranja, mas têm medo de sair em busca. Tem muita gente carente e cheia de problemas emocionais por aí, afinal de contas computador não substitui contato físico e bate papo não é terapia.

Pierre Lévy já dizia em sua obra: "A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização... A virtualização não é uma desrealização, mas uma mutação de identidade".

Avançamos científica e tecnologicamente, mas retrocedemos no quesito humanidade. São milhares de indivíduos conectados e cada vez mais distantes um do outro. Há uma inversão de valores, pois o que deveria contribuir para a vida em sociedade está deteriorando as relações entre as pessoas.
Esse é um dos grandes tumores século, só espero que diferente do câncer encontremos a cura.

4 comentários:

Observador disse...

Isso é muito relativo. De fato, há pessoas que estão presas ao mundo virtual por puro vicio e outras por não terem escolha, por inercia.

O que atrai no mundo virtual é a facilidade como as coisas são ditas e feitas,a maneira como as palavras são usadas e também como você pode reagir a elas. O fato de não ser algo "cara a cara" da uma falsa sensação de anonimato, seja de sentimentos ou qualquer outra coisa.

A grande verdade, é as pessoas em sua grande maioria, estão buscando situações e pessoas perfeitas, sejam elas bem sucedidas de alguma maneira e em alguma coisa. Ninguém quer o por a "cara a tapa" por ninguem, todos querem encontrar alguem "pronto" na vida, que o unico trabalho seja casar.

É so olhar as coisas como elas são hoje, é tenta defesa, escudo, exigencias, ideias pré-definidas, medo de ousar e fazer diferente. A internet e os meios sociais nada mais são do que uma fuga da realidade, a busca de algo que todos sabem que não vai dar em nada, em que a fantasia pode rolar solta.

Renata disse...

Júuu, gostei viu!! Uma sensação de saudosismo que deu dos velhos tempos antes da internet imperar...rs
Bom, pra mim o virtual reforça o real!
A internet encurta as distâncias geográficas mas ao mesmo tempo acomoda e as pessoas acabam vivendo aquela vidinha ali atrás da tela fria do computador e parece que não faz mais questão do ESTAR JUNTO. Amo as redes sociais e afins mas eu ainda escolho o estar junto, o sentir, ver, ouvir, aquele momento físico e não virtual!!! ;)
Escrevi um texto muito parecido com esse seu em 2006 e o Laranjo publicou ele no jornal da faculdade. Guardo ele até hoje, depois lhe passo.
Beijos
Renata Devecchi

Rosane disse...

Blog muito lindo, com textos interessantes. Já estou seguindo, segue de volta?

myway-mw.blogspot.com

bjinhos e um feliz 2012!!!

Juliana Ferreira disse...

Adoro essa troca de bons comentários e opniões!!!